A cana-energia não é algo completamente novo, mas agora as condições se alinharam, desencadeando um interesse inédito. A variedade aproveita a complexidade genética da cana e está sendo preparada para promover mudanças radicais no mercado de etanol e bioeletricidade.
Os números são fantásticos, difíceis de acreditar e parecem ter saído da imaginação de algum usineiro em crise. Mas a realidade é que o setor sucroenergético está presenciando o que pode ser o início de uma revolução que vai mudar a rotina das usinas e o mercado de etanol e eletricidade no Brasil.
A cana-energia foi por muito tempo uma desconhecida do setor, mas os novos resultados e a maturação dos projetos despertaram no mercado um interesse sem precedentes pela planta.
Para separar sonho e realidade é preciso conhecer os resultados que as empresas estão obtendo com a nova espécie e os motivos que fazem ela ser tão atraente. Qual é a explicação para os números superlativos da cana-energia e porque as empresas que já testaram a planta estão multiplicando suas apostas numa velocidade inédita?
A complexidade de se trabalhar com a cana é proporcional à versatilidade que ela possui. A cana-energia é uma mudança radical e exemplar da gama de possibilidades que podem ser exploradas a partir da enorme variabilidade genética que a cana possui.
A cana-de-açúcar plantada em larga escala no Brasil é resultado de uma série de cruzamentos, mas que possuem a característica predominante da espécie Saccharum officinarum: elevado teor de açúcar e baixa quantidade de fibra. Já a cana-energia teve seus cruzamentos direcionados para aproveitar mais os descendentes da Saccharum spontaneum, com alto teor de fibra.
A busca por mais fibra nos canaviais não é algo completamente novo no mundo. No início da década de 1970 programas de melhoramento tiveram êxito em países como Barbados, Índia, Cuba e Austrália. Aqui mesmo no Brasil o desenvolvimento da cana-energia já foi explorado na década de 1980.