O Brasil é reconhecido por ter criado o maior programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis, mas tendo já diversificado a sua indústria intensamente na direção do etanol e da bioeletricidade, precisa pensar em formas de estimular ainda mais o consumo dos renováveis.
Para André Rocha, Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, o setor necessita de políticas públicas que deixem mais claro o efeito dos combustíveis fósseis e destaquem as alternativas limpas. “É fundamental, por exemplo, que não aconteça interferência na formação dos preços dos combustíveis e que haja o reconhecimento quanto aos valores ambientais, de saúde pública e do próprio desempenho do etanol”. Entretanto, na visão de Rocha, outras ações ainda serão necessárias para aumentar a competitividade da cadeia produtiva. “Os governos, federal e estadual, precisam garantir políticas públicas de longo prazo, que valorizem nossos produtos”, explica.
Na mesma direção, o Presidente do SINDALCOOL da Paraíba, Edmundo Coelho Barbosa, acredita que é necessário definir o papel do etanol na matriz de combustíveis do país para que ocorra a retomada de investimentos. “É preciso pensar tanto no abastecimento doméstico, como nos compromissos de redução das emissões de gases de efeito estufa assumidos pelo governo brasileiro durante a COP 21”, diz.
Porém o setor sucroenergético brasileiro vive um dilema, por um lado o mundo precisa do açúcar brasileiro, no qual o Brasil é o maior produtor e exportador do produto, e por outro o país precisa do etanol para cumprir as metas ambientais e reduzir a dependência externa de combustíveis. Contudo, o setor não tem recursos para crescer e atender a estes dois chamados. Como resolver?
Mário Campos Filho, Presidente do SIAMIG, entende que a solução possa estar na melhoria do ambiente de negócios do setor. “Temos que atrair novos investidores para o equacionamento das dívidas e aumento da capacidade de investimento. Isso só será possível com o apoio institucional do governo brasileiro que precisa mostrar para os brasileiros e para o mundo que acredita novamente no desenvolvimento deste importante segmento econômico” defende Mário.
Além de atrair novos parceiros é fundamental intensificar investimentos em pesquisa e desenvolvimento e também na comunicação setorial.
Para discutir os desafios do setor em retomar os investimentos, a DATAGRO convidou, além de Edmundo Coelho Barbosa, Mário Campos Filho e André Rocha, outros líderes do segmento, como: Elizabeth Farina, Presidente da UNICA, Renato Pontes Cunha, Presidente do SINDAÇUCAR-Pernambuco, Pedro Robério de Melo Nogueira, Presidente do SINDAÇÚCAR-Alagoas, Roberto Hollanda Filho, Presidente da BIOSUL-MS, e Miguel Rubens Tranin, Presidente da ALCOPAR. Estes e outros grandes nomes do setor sucroenergético, do Brasil e de vários outros países, estarão reunidos na 16ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DATAGRO SOBRE AÇÚCAR E ETANOL, que acontecerá nos dias 17 e 18 de outubro, no Grand Hyatt, em São Paulo.