Uberlândia. O mercado brasileiro de etanol tem boas perspectivas para os próximos anos, segundo o presidente do Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. O motivo foi o Acordo de Paris, assinado pelo governo brasileiro durante a 21ª Conferência Mundial sobre o Clima, em dezembro do ano passado, que visa aumentar a demanda pelo produto no mundo e, consequentemente, motivar os investimentos em produção. O Brasil vai ter que ampliar a produção de etanol nos próximos anos para chegar aos 50 bilhões de litros por ano até 2030. Hoje, a produção do combustível está na casa dos 30 bilhões de litros. Seria um aumento de 66%.
“É um esforço para descarbonizar o mundo. E o Brasil tem condições de ser protagonista nesse processo. Temos 15 anos para chegar nesse patamar”, ressaltou o presidente da Siamig. “No momento, a agenda está travada em razão das questões políticas. Só que vai ter que destravar em algum momento”, disse, durante evento de abertura de safra, que acontece pela primeira vez em Minas.
Para isso, será necessário um aumento na produção de cana-de-açúcar de 300 milhões de toneladas no país. “Levamos 500 anos para chegar aos atuais 680 milhões de toneladas”, observou. Logo, para conseguir alcançar esse objetivo, conforme Campos, é necessário investir em pesquisa, tecnologia e aumento de produtividade. Hoje, a produção média por hectare no Brasil está na casa dos 7,2 mil litros de etanol. Para conseguir os 20 bilhões a mais, teria que passar para o patamar de 13 mil litros por hectare. “Outra forma de conseguir mais etanol seria investir no produto de segunda geração, que é feito do bagaço e da palha da cana. Logo, numa mesma área é possível produzir uma quantidade maior de etanol”, diz.
Hoje, Minas ocupa a terceira posição na produção de cana e etanol no país. As duas primeiras colocações são ocupadas por São Paulo e Goiás, respectivamente. Campos ressalta que com a redução do ICMS, aprovada em dezembro de 2014 e que começou a valer em março de 2015, o etanol se tornou competitivo. “A demanda no Estado no ano passado cresceu 140% na comparação com 2014, tornando Minas Gerais o segundo maior Estado consumidor de etanol, perdendo apenas para São Paulo”, ressaltou. Foram 3,077 bilhões de litros na safra passada (2015/2016), alta de 12,41% na comparação com o ciclo produtivo anterior. “Foi a maior produção da história de Minas Gerais”, diz.
Dona da Dedini Agro espera renegociar dívidas em 60 dias
São Paulo. A Abengoa Bioenergia, braço sucroenergético do conglomerado espanhol, prevê em até 60 dias ter suas dívidas renegociadas com os bancos, concluindo um processo de reestruturação. “Já fechamos tudo com algumas instituições menores e agora faltam as médias e grandes. Estamos avançando bem com os bancos”, disse o diretor Rogério Abreu dos Santos.
“Quanto aos fornecedores de cana, já pagamos 30% do que devíamos e praticamente acertamos, neste mês, o pagamento dos 70% restantes”.
A empresa chegou ao país em 2007 ao adquirir o controle da Dedini Agro por R$ 1,3 bilhão e assumir R$ 730 milhões em dívidas. Um ano depois, houve a crise mundial e o início das dificuldades do setor de etanol por causa do congelamento dos preços da gasolina.
Minas tem maior recuo no preço
São Paulo. Os preços do etanol hidratado nos postos brasileiros caíram em 18 Estados e no Distrito Federal, e subiram em outros oito nesta semana. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na semana que termina hoje, o maior recuo dos preços do etanol na bomba aconteceu em Minas Gerais (6,13%).
No Estado, o preço médio do álcool nos postos R$ 2,65 por litro. O etanol mais caro está sendo vendido a R$ 3,29 e o mais barato, R$ 2,25.
Em São Paulo, principal Estado produtor e consumidor, a cotação caiu 4,07% na semana, para R$ 2,403 o litro, na média. No período de um mês, acumula desvalorização de 12,43%.
No Brasil, o preço mínimo do etanol foi de R$ 1,859 o litro, em São Paulo, e o máximo foi de R$ 4,199 o litro, no Rio Grande do Sul.
Vantagem. O etanol voltou a ser competitivo ante a gasolina em São Paulo, de acordo com a ANP. Em Minas Gerais, o consumidor ainda precisa fazer as contas, pois varia de um posto para outro: quando o etanol custa igual ou menos que 70% do preço da gasolina, compensa.
Açúcar será o campeão desta safra
Uberlândia. A produção de açúcar será o carro-chefe do setor sucroenergético mineiro neste ano, com crescimento de 7,7%, segundo estimativa da Siamig divulgada nesta sexta. São 3,5 milhões de toneladas previstas para a safra 2016/2017, ante 3,248 milhões da safra anterior (2015/2016). “O açúcar será o grande produto deste ano. Já o etanol se manterá constante”, diz o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.
Ele ressaltou que será a maior safra da commodity na história de Minas Gerais. A safra passada (2015/2016) de açúcar em relação à anterior (2014/2015) teve um recuo de 0,56%. Atualmente, a saca de 50 kg de açúcar está sendo comercializada a R$ 75. O custo de produção é, em média, de R$ 50. Campos explica que, com o déficit no mercado internacional, o preço subiu.