Nesta última semana, a Comissão de Cana-de-Açúcar da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu para destacar pontos e pautas que serão primordiais em 2016. Além do presidente da comissão, Joaquim Sardinha, estavam presentes o assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves, e representantes de associações do setor sucroenergético. Para ambos, a reunião foi positiva e gratificante. “A representação máxima de Goiás em produtividade de cana-de-açúcar esteve presente”, disse Sardinha, referindo-se às associações e cooperativas de produtores dos principais municípios goianos.
Um dos principais pontos sublinhados foram alguns problemas com os quais os produtores deverão de preocupar em 2016. O principal gargalo, segundo Alexandro, é a inadimplência. “É um problema recorrente de anos anteriores”, comentou. Em suma, as empresas para as quais são vendidas toneladas e toneladas de cana não repassam o valor completo para o produtor rural.
“As usinas continuam recebendo empréstimos governamentais e incentivos fiscais”, pontuou Alexandro. Foto - Larissa Melo.“As usinas continuam recebendo empréstimos governamentais e incentivos fiscais”, pontuou. “Eles não estão honrando com seus compromissos”, completou Sardinha. Na maioria das vezes, explica ele, o dono do imóvel arrenda a terra para a usina, que não paga o que deve. “Para muita gente, esta é a única fonte de renda; dependem disso para viver”, explicou.
Na reunião, discutiu-se ainda a necessidade de uma agenda parlamentar que possa barrar esta situação. “O pontapé inicial já foi dado e estamos dialogando de perto com deputados da Assembleia Legislativa, além de buscar informações para o que podemos ou não fazer legalmente”, apontou Alexandro.
Segurança
Outro tópico que demonstrou preocupação por parte dos produtores foi o seguro rural. Atualmente há uma única seguradora que faz contratação de seguro no setor canavieiro e, em 2016, ela pretende encerrar as atividades. Segundo Joaquim Sardinha, até o ano passado havia subvenção do governo federal e, este ano, não haverá mais. A solução, segundo Alexandro, é buscar outra empresa e dialogar. “Vamos apresentar nosso portfólio. Fizemos um trabalho de quase 100 mil hectares. Um dado considerável”, salientou.
Ele explicou que a cana-de-açúcar é uma cultura de risco. “Ela está mais suscetível a incêndios, tanto criminosos quanto naturais. Com isso, o produtor fica preocupado. Se ele não estiver resguardado, a situação pode ficar complicada. Ele passará a safra com muito temor e, certas vezes, prejuízo”, esclareceu.
Produção
As previsões da Comissão de Cana-de-açúcar são de que o custo de produção deve aumentar, por isso o produtor deve ter cautela. “Agora, o preço está muito bom, mas deverá haver surpresas nos próximos meses”, frisou Sardinha. E, segundo ele, quem vender para etanol terá resultados um pouco melhores, já que, há três anos consecutivos o combustível tem sido melhor remunerado que o açúcar. “Nos últimos 17 anos, isso nunca aconteceu. Será mais uma safra de etanol”, completou.
Gustavo Rattes de Castro, produtor do município de Paraúna, lembra também que a produção deste combustível, apesar de lucrativa, também sofre com a taxação. “Um grande avanço para o setor seria sensibilizar o governo a reduzir o ICMS para o etanol”, afirmou. Ele contou que Goiás é o segundo maior produtor do líquido no país, mas tem a alíquota mais cara. “Hoje pagamos 22% de impostos quando o etanol fica no estado. Abaixando os impostos, abaixa-se também o preço e a população consumirá mais”, alegou.
Sardinha também comentou sobre a utilização do bagaço da cana pelas usinas. Após o uso da cana tal qual é colhida, sobra o bagaço, que é utilizado pela indústria para a geração de energia, em um acordo com a Celg. A rentabilidade disso, porém, não chega aos bolsos do produtor. “Esta é mais uma luta que travamos há tempos e que este ano deverá ter mais força”, disse.