Com o aumento da mecanização da colheita de cana, cada vez mais, os sistemas de recepção e preparo de cana eliminarão antigos equipamentos e adotarão técnicas diferenciadas. Nos sistemas de recepção, a inovação fica por conta do desenvolvimento de sistemas de descarga e alimentação mais simples e de alta capacidade aplicáveis à cana picada, que em diversas unidades tem se aproximado cada vez mais da totalidade da cana fornecida. Também em função do aumento da cana picada, os sistemas de preparo deverão passar por inovações, que já estão em progresso, eliminando picadores de cana e esteiras metálicas, simplificando sobremaneira sua instalação. Para a limpeza da cana, diversas opções para efetuar a limpeza a seco estão em pleno desenvolvimento, com o desafio de serem sistemas com baixo consumo de energia, com alta eficiência, de baixo investimento inicial e baixo custo de manutenção. A informação é do consultor Paulo Delfini, da Delfini Consultoria e Projetos Industriais.
“No sistema de recepção, a grande vantagem se refere à possibilidade de uma maior padronização dos equipamentos para o transporte da cana e maior simplicidade da operação de descarga e alimentação. Isso facilitará a automação da operação neste setor”, diz.
De acordo com o consultor, no sistema de preparo de cana as vantagens estão relacionadas à possibilidade de redução do consumo de energia, cuja diferença pode representar uma maior quantidade de energia elétrica a ser vendida na rede, e com a redução dos custos de manutenção, representados pela redução da quantidade de equipamentos de preparo e da eliminação da esteira metálica que é necessária nos equipamentos de preparo convencionais. “Com relação aos sistemas de limpeza de cana a seco as vantagens estão relacionadas com o aumento da capacidade de processamento de cana, melhoria da extração, notadamente no caso de difusores, e possibilidade de um melhor aproveitamento da matéria vegetal”, explica.
Paulo Cesar Costa, diretor de Bioeletricidade do Grupo Energisa, que firmou com o Grupo Tonon, um consórcio para exploração de negócios de energia, explica que a Termoelétrica de Vista Alegre, de Maracaju (MS) ganhará um sistema de limpeza a seco composto de sistemas de limpeza da palha, desfibramento/trituração da palha, transporte da palha e impureza minerais, transporte da palha desfibrada/triturada. A capacidade máxima do projeto é de 770 TCH (tonelada de cana por ha) de cana picada com um teor de impurezas vegetais de 10% e de impurezas minerais de 1,5%. “Com isso, haverá reduções dos níveis de impurezas vegetal e mineral a serem processadas pela moenda, ocasionando ampliação da capacidade de moagem e diminuição dos desgastes dos equipamentos deste setor. Do lado energético passamos a ter um incremento no PCI (poder calorífico inferior) do bagaço que será queimado nas caldeiras na ordem de 5%, o que proporciona maior bloco de energia destinado a exportação pela UTE. Também ocorre menor desgaste nos equipamentos da UTE devido à redução da quantidade de impureza mineral residual do bagaço de cana, reduzindo os custos de O&M (operação e manutenção), além do aumento de disponibilidade da UTE (maior tempo disponível para a operação)”, lembra.
O Grupo Energisa e a Tonon Bioenergia, formaram um consórcio onde o Energisa é proprietário das áreas de Geração de Vapor e Energia (UTE – Unidade Termoelétrica) e a Tonon da usina de açúcar e etanol. O consórcio é constituído de exploração do negócio de energia onde a Energisa é a líder de 85% da UTE I e de 100% da UTE II (ambas na Vista Alegre).